Pus o meu sonho num navio e o navio em cima do mar; depois abri o mar com as mãos, para o meu sonho naufragar. Minhas mãos ainda estão molhadas do azul das ondas entreabertas, e a cor que escorre dos meus dedos colore as areias desertas O vento vem vindo de longe, a noite se curva de frio; debaixo da água vai morrendo meu sonho dentro de um navio . . . Chorarei quanto for preciso, para fazer com que o mar cresça, e o meu navio chegue ao fundo e o meu sonho desapareça. Depois, tudo estará perfeito: praia lisa, águas ordenadas, meus olhos secos como pedras e as minhas duas mãos quebradas. | I put my dream on a ship and my ship upon the sea; then I opened the water with my hands, to shipwreck my dream. My hands are still wet with the blue of the opened waves, and the color that runs off my fingers dyes the desert sand. The wind is coming from far away, the night bends with the cold; under the water lies my dream dying inside a ship . . . I shall cry as much as needed, to make the sea rise and my ship reach the bottom and my dream disappear. Then, all will be perfect: smooth beach, ordered waters, my eyes dry as stones and my two hands broken. --Cecília Meireles (1901-1964) |
September 25, 2006
I Put My Dream on a Ship
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